Segundo linha definida pelo governo federal, são extremamente pobres as
famílias cujo ganho mensal é de até R$ 70 por pessoa. Nas mais
numerosas, em que a renda é dividida por mais pessoas, o ganho per
capita tende a ser menor.
Como essas famílias em geral não têm acesso a planejamento familiar e
métodos contraceptivos, pela falta de serviços públicos, a natalidade é
maior, diz Myrian Veras Baptista, professora de serviço social da
PUC-SP.
Patrícia Grossi, professora da pós-graduação em serviço social na
PUC-RS, coloca o machismo na equação. Ela afirma que ainda há no país
muitos homens que não deixam a mulher utilizar métodos
anticoncepcionais. "O marido ou companheiro quer ter vários filhos para
'provar' que é homem", diz.
A falta de bons serviços públicos de educação e saúde contribui para a
transmissão da pobreza de geração a geração. Marie-Pierre Poirier,
representante do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) no
Brasil, lembra que pobreza não se define só pela renda,
mas também pelo
acesso a direitos como saúde e educação.
Grossi considera que programas de transferência de renda como o Bolsa
Família são importantes, mas não suficientes. Ela defende mais vagas em
creches e investimento em educação infantil para quebrar o ciclo de
transmissão da pobreza.
Com o Brasil sem Miséria, plano lançado no mês passado, o governo
federal ampliou de três para cinco o limite de filhos que podem ser
incluídos no Bolsa Família. A estimativa oficial é que 1,3 milhão de
crianças de até 15 anos sejam beneficiadas.
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