A rejeição de mudanças nas regras da
maioridade penal, de modo a permitir o julgamento e a condenação, já a
partir dos 16 anos, de pessoas acusadas de crimes hediondos acabou
levando a outro debate nesta quarta-feira (19) em reunião da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ): o da necessidade de alterar o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
A despeito de eventual revisão do ECA, lei que data de 1990, a CCJ derrubou, com 11 votos contrários e 8 favoráveis, a PEC 33/2012, de autoria do senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP). O texto abria a possibilidade de a Justiça aplicar, a adolescentes envolvidos em crimes como homicídio qualificado; extorsão mediante sequestro; e estupro, penas impostas hoje a criminosos adultos, ou seja com 18 anos ou mais.
A sugestão
de revisar o regime de punições do ECA partiu da senadora Gleisi
Hoffmann (PT-PR), que, a exemplo de outros senadores governistas
contrários à PEC 33/2012, chegou a elogiar o esforço de Aloysio no
combate à criminalidade juvenil. Em linhas gerais, a PEC 33/2012
permitia a aplicação da lei penal a menores de 16 anos envolvidos em
crimes hediondos, desde que laudo médico comprovasse sua compreensão
sobre a gravidade do delito; a medida fosse reivindicada por promotor da
infância e da juventude e julgada por juiz de vara especializada na
área; e a pena definida fosse cumprida em estabelecimento prisional
específico, separado de presos adultos.
– O grande
desafio que se tem é como a pena do ECA é aplicada hoje, pois pode não
ser cumprida - advertiu Gleisi, considerando relevante se discutir
punições diferentes, por exemplo, para um adolescente infrator que
esteja perto de alcançar a maioridade.
A senadora
Ana Rita (PT-ES) lembrou que a responsabilização penal de menores
infratores já é adotada hoje no país e começa aos 12 anos, com a
aplicação de medidas socioeducativas previstas no ECA: internação por até três anos e iguais períodos de semi-internação e de liberdade assistida. No entanto, assim como Gleisi, Ana Rita questionou seu cumprimento.
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